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domingo, fevereiro 06, 2011

O Boato


"Quando as pessoas deixam de acreditar em alguma coisa, o risco não é de que passem a acreditar em nada e sim, de que acreditem em qualquer coisa"
G. K. Cherterton (1874-1936)
Uma das mais antigas invenções da Humanidade é o boato, ainda que sob uma forma inteligível, sem grande campo de propagação para uma pretensa verdade.
Nos dias de hoje, o boato é um lugar-comum.
Um velho provérbio ensina-nos que a palavra fora da boca é como a pedra fora da mão. Assim é o boato! E como "quem conta um conto acrescenta um ponto", temos a palavra, a pedra, a honra de uma pessoa, jogadas sabe-se lá por onde e com que intenção.
E, se um opina de "que não há fumo sem fogo", logo outro contradiz "que nem tudo o que parece, é". Isto é sabedoria popular.
Mas o boateiro é pobre de sabedoria e tenta ser juiz ao inventar o mexerico, produzindo a sentença no imediato.
É vulgar de Lineu introduzirem nas suas prelecções os termos "diz-se", "dizem", "disseram", querendo assim tomar o lugar da verdade que nunca procuraram, porque o boateiro é subserviente, cobarde, um quase anónimo.
Quando escrito, o boato, não passa de desinformação plena de maledicência quase sempre nutrido de inconfessáveis ambições.
La Bruyère, famoso moralista francês do século XVII dizia que "o contrário dos boatos que correm, costuma ser a Verdade."
A livre expressão de ideias que Abril nos trouxe, permite, pois, a livre circulação do boato. Os meios difusores desta "arte" em nada saem credibilizados - parte-se o espelho da Verdade e, como diz o Povo, o azar bate à porta…Cuidado, portanto.
Filho de uma má formação, de falta de transparência e de personalidade, dono de uma mente confusa, o boateiro serve às mil maravilhas os interesses civis, políticos ou religiosos: depois da graxa, puxa lustro, dá brilho e, se lhe for conveniente, ainda paga o serviço.
 
in: Diário Notícias, Madeira  06-02-2011

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