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domingo, outubro 10, 2010

definição de Poesia


Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto-desafio.

Um doce ervilhal abandonado
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas —
Geada no canteiro, tombado. 

Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando. 

Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.
BORIS PASTERNAK

1 comentário:

  1. Estive ausente como deves saber. Agora, ao regressar, chego aqui e fico quase tonta com tanta coisa bonita que publicas. Não vou comentar tudo, mas uma vez mais Parabéns Tuka! O teu blog consegue ter de tudo um pouco e é uma emoção percorrê-lo.
    Beijokas

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