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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

“A um lar de terceira idade”


Este texto é uma carta escrita e endereçada a um Lar de Idosos por uma enfermeira americana que, preparando o seu futuro, resolve dar indicações sobre a forma como deseja ser tratada.
            É de uma riqueza extraordinária pelo que deverá ser entregue a todo o pessoal, voluntários e mesmo membros das direcções para ser lido e objecto de reflexão. Poderemos considerá-lo:
            “Uma Cartilha de comportamento, de como tratar as Pessoas Idosas com Dignidade”
Encontreis aqui um bom tema para uma Acção formação interna.

“Em primeiro lugar, permitam-me que me apresente, pois no ano 2010 terei 80 anos e é possível que seja um dos vossos residentes. Como possivelmente nesse momento serei incapaz de vos comunicar os meus desejos, aproveitando a ocasião que hoje tenho para o fazer e vos dizer como quereria que me tratásseis se tivesse que passar uma larga temporada convosco”.

            Primeiro gostaria de conservar a minha identidade. Eu sou a Sr.a Wills e é assim que desejo que me tratem. Não quero converter-me em “avozinha”, em “Rosinha” ou a “Senhora da cama 9”. Quero manter o meu nome, quero continuar a ser Sr.a Rosemary Wills.

            Uma das coisas mais importantes para mim é a minha identidade. Poderei ter um quarto individual!? Provavelmente, não, e nesse caso, vede bem se há cortinas em torno da cama e se estão corridas enquanto me lavam ou me vestem.
            Se tendes que me lavar, assegurai-vos, por favor, da temperatura da água. Não suporto lavar-me com água fria e muito menos o suportarei quando for velha. Dêem muita atenção em secar-me bem, nada mais desagradável que sentir-se molhado. Quando me derem banho, cuidai não só da minha higiene, mas também da minha dignidade e intimidade, por favor. Se não for capaz  de me vestir só, espero que quem me cuidar se esforce em manter a minha boa aparência; gostaria  que desse atenção ao que me veste, ( até tentando que as blusas combinem com as saias), que não me ponha meias velhas (ou collants com malhas), que não permita que a combinação apareça por baixo do vestido e, por Deus não me enrole as meias abaixo dos joelhos!
            Depois, uma vez vestida, podem pentear-me? Ah, espero que não se esqueçam de lavar os dentes!
            Algumas vezes irei até à sala, Se pudéssemos estar tranquilos!   

            Estou certa que não é preciso deixar a televisão ligada todo o dia, sem me preocuparem se alguém olha para ela…
            Se tiver livros por perto, vede se tenho os meus óculos, se não ser-me-á impossível ler…

            Se, no momento das refeições, for incapaz de cortar os alimentos, espero que alguém o faça por mim. Se for preciso, não tenho nenhum inconveniente em comer com colher, desde que me sirvam a comida num prato fundo e não em prato raso que obrigaria a ir à caça dos alimentos. Gostaria e ter um guardanapo, nem que seja de papel, mas que não seja um “babete”…

            Por favor, não me façam cara feia quando descobrirem os meus lençóis molhados!
            Não me tratem nunca por “porquinha” não me ralhem como se o fizesse de propósito. Se posso usar fraldas, não
me ponham uma sonda por razões puramente práticas. Não quero passear-me com um saco de urina pendurado; seria objecto de curiosidade dos outros, o que me causaria um enorme mal estar psicológico.  

            Seria uma prova de gentileza de vossa parte algum interesse pela minha família, pelas fotos que tenho na mesa de cabeceira; no entanto parecer-me-ia pouco caridoso que me perguntassem por que não se ocupam de mim os meus familiares ou porque razão os meus filhos não vêm visitar-me mais vezes, ou não me têm com eles.
            Serei feliz se puder sair de vez em quando, ver as árvores em flor na primavera, o mar no verão, ou simplesmente instalar-me no jardim quando o tempo o permitir.
            Quando estiver internada, o meu mundo será muito reduzido; permitam-me que participe no vosso. Falai-me da vossa família, dos vosos amigos, deixai que fale da minha vida passada fingi, se for preciso, que vos interessais, mesmo quando repetir o que disse ontem, ou antes de ontem.
            Poderei parecer-vos exigentes, exagerada nos meus pedidos, mas o que desejo é só :

            - quero ter afecto;
         - quero ser bem tratada;
         - quero ter uma pessoa amigável que  se ocupe de mim

recebido por email

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