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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

SONETO DO CATIVO






 


















Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encaminhamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que não te fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!


David Mourão-Ferreira
Lisboa, 1927 - 1996

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