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sábado, dezembro 19, 2009

Vitorino Nemésio


Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira, em 19 de Dezembro de 1901.
A sua vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, pois passou por vários problemas estudantis, tal como a expulsão do Liceu de Angra, a reprovação do 5º ano que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, Nemésio apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de história, que o introduziu na vida das letras.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Nemésio acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918 com a qualificação de “dez valores”. A sua estadia na cidade da Horta foi desde Maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal “O Telégrafo” dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um “fedelho”, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de “Canto Matinal”, seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de “O Telégrafo”, Manuel Emídio.
Apesar de tenra idade, Nemésio chega à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, em pleno final da I Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas Faial, Pico, S. Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta. Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como: o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso; o Pe. Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta; Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem ao continente. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Filologia Românica, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Na sua primeira viagem que faz a Espanha com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, foi o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (final de 1931).
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese “A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio”.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas e regressando novamente ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1958 iremos encontrá-lo a leccionar no Brasil. A 12 de Setembro de 1971 profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara quase 40 anos.
Foi autor e apresentador do programa televisivo “Se bem me lembro”, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal “O Dia” entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do séc. XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, tendo sido sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.

in: www.acores.com

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