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terça-feira, setembro 15, 2009

"da semântica eleitoral"


Quando era pequeno julgava que Salazar fosse uma profissão. Era-se Salazar como se é carpinteiro, médico ou astronauta. E, até mudar de opinião e preferir ser detective, sempre quis ser Salazar quando fosse grande. Quando iam visitas lá a casa, minha mãe perguntava-me o que queria ser quando fosse grande só para me ouvir dizer que queria ser Salazar e ela e as visitas se rirem enternecidamente (nunca tive o bom senso da minha filha mais nova que, à mesma pergunta, respondia: "Não quero ser grande" ou "'Eles' bem querem pôr-me a trabalhar, mas eu nunca trabalharei"). Agora descubro que, afinal, Salazar é apenas um insulto, sem conteúdo específico algum, assim como chamar "boi" ao condutor que nos ultrapassa pela direita. Não há candidato nestas eleições que não chame Salazar a quem o ultrapassa pela direita; só Portas, como não pode ser ultrapassado pela direita, chama Salazar a quem (como Louçã, por causa de qualquer coisa relacionada com telemóveis) o ultrapassa pela esquerda. Estou em crer que, daqui a uns anos, os netos dos candidatos de hoje se insultarão chamando Portas uns aos outros.
Manuel António Pina, JN

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