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quinta-feira, junho 25, 2009

"Estou vivo e escrevo Sol" - António Ramos Rosa


Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira

que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo.

Estou vivo e escrevo sol

Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam

no vazio fresco

é porque aboli todas as mentiras

e não sou mais que este momento puro

a coincidência perfeita

no acto de escrever e sol


A vertigem única da verdade em riste

a nulidade de todas as próximas paragens

navego para o cimo

tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces

e na minha língua o sol trepida


Melhor que beber vinho é mais claro

ser no olhar o próprio olhar

a maravilha é este espaço aberto

a rua

um grito
a grande toalha do silêncio verde

ANTÓNIO RAMOS ROSA
in Estou Vivo e Escrevo Sol 1966

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