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quarta-feira, abril 15, 2009

Morreu José Franco, "o Artista do barro e da Vida"



José Franco, criador da aldeia saloia de Sobreiro, em Mafra, cujas miniaturas encantaram gerações, faleceu ontem aos 89 anos, deixando dois sonhos por concretizar: abrir uma escola de formação e criar uma fundação.
"O artista do barro e da vida", ou o "português que nasceu com o dom misterioso da beleza", assim era descrito o mestre da olaria José Franco nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado, um dos muitos admiradores que colheu por todo o mundo, fruto de décadas de entrega total à construção de uma aldeia em ponto pequeno que recriava os usos e costumes das gentes do início do século XX.
O funeral realiza-se esta tarde, pelas 14.30 horas, seguindo o corpo da capela de Sobreiro para o cemitério local. José Franco encontrava-se internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a recuperar de uma queda, mas acabou por falecer na madrugada de ontem. Viveu os últimos anos num lar da Ericeira, mas, ainda assim, nunca se afastou da sua pequena aldeia, nem parou de projectar peças para a fazer crescer.
Dulce Silva, que secretariava José Franco há seis anos, revelou que o mestre tinha o sonho de abrir uma escola de formação para as crianças do Sobreiro, que não concretizou por falta de dinheiro. Acrescentou que, "nos últimos tempos, lutou muito sozinho, só com alguns amigos, como Duarte Pio de Bragança, no sentido de constituir uma fundação que preservasse o seu espólio, mas a família era contra".
O legado do oleiro ficará na aldeia típica que construiu no Sobreiro, a sua terra natal. "Era um homem sempre alegre. Até há poucos dias continuava a fazer projectos para peças de cerâmica", lembrou Dulce Silva.
O actor Raul Solnado, seu amigo, em declarações à Lusa, recordou "a fama extraordinária e imediata" que José Franco teve quando, na década de 1960, no "Zip Zip", foi convidado a criar uma obra durante o programa".
José Franco era "um amigo generoso e muito bondoso" e uma referência a nível nacional" afirmou Ramalho Eanes, que, na qualidade de Presidente da República, condecorou o artista com a comenda de Cavaleiro de S. Tiago.
A notícia da morte do mestre oleiro também deixou consternada a Câmara de Mafra. "José Franco dizia que Deus é equiparado ao oleiro e nós humanos somos o barro, o elemento mais importante da criação, pois tudo volta sempre à origem, à terra e ao barro. O ilustre artesão regressou às suas origens… e nós ficaremos para sempre gratos pelo empenho com que trabalhou a sua matéria-prima de eleição", afirmou José Ministro dos Santos, presidente da Câmara de Mafra, num voto de pesar enviado às redacções.
In - Jornal Noticias

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