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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

- Lenda Judaica -

Lenda Judaica recolhida das fontes originais do midrash (Talmude) pelo talmudista lituano Louis Ginzberg (1873-1953)- in net
O assassinato de Abel por parte de Caim não veio como algo totalmente inesperado para os pais deles. Num sonho Eva havia visto o sangue de Abel fluindo para dentro da boca de Caim, que bebia dele avidamente, embora seu irmão implorasse para que ele não o tomasse todo para si. Quando Eva contou o sonho a Adão ele disse, em tom de lamentação:
– Ah, que isso não pressagie a morte de Abel pela mão de Caim!
Ele separou os dois rapazes, designando a cada um uma moradia distinta, e a cada um dos dois ensinou um ofício diferente. Caim tornou-se lavrador, Abel guardador de ovelhas. Tudo em vão: apesar dessas precauções, Caim matou seu irmão.
“Vejo agora que actos de bondade não levam a nada”.
A hostilidade de Caim para com Abel teve mais de uma origem. Ela começou quando Deus mostrou apreciação pela oferta de Abel, e demonstrou aceitá-la enviando fogo do céu para consumi-la, enquanto a oferta de Caim foi rejeitada.
Eles trouxeram seus sacrifícios no décimo-quarto dia de
Nissan, seguindo a orientação de seu pai, que assim havia dito aos filhos:
– Este é o dia no qual, em tempos futuros, Israel oferecerá os seus sacrifícios. Portanto vocês também, tragam sacrifício ao seu Criador neste dia, para que ele tenha prazer em vocês.
O lugar que eles escolheram para apresentar a oferta foi o lugar onde se ergueria mais tarde o Templo de Jerusalém. Abel seleccionou do seu rebanho o melhor para o sacrifício, porém Caim primeiro comeu sua refeição, e depois de satisfazer seu apetite ofereceu a Deus o que sobrara, uns poucos grãos de linhaça – como se não fosse ofensa bastante oferecer a Deus um fruto do solo, o mesmo solo que Deus havia amaldiçoado! Não é de se admirar que seu sacrifício não tenha sido aceito em seu favor. Ele recebeu além disso uma repreensão:
– Se você corrigir a sua conduta, sua culpa será perdoada; se não, você será entregue ao poder da inclinação para o mal. Ela está batendo à sua porta, mas depende de você se você a dominará ou será dominado por ela.
Caim achou que havia sido injustiçado, e seguiu-se uma discussão entre ele e Abel.
– Eu achava – disse Caim – que o mundo havia sido criado através da bondade, mas vejo agora que actos de bondade não levam a nada. Deus governa o mundo com poder arbitrário, do contrário por que teria aceitado a sua oferta e não também a minha?
Abel discordou dele, insistindo que Deus recompensa as boas obras sem fazer distinção de pessoas. Se seu sacrifício havia sido aceito graciosamente por Deus e o de Caim não, era porque as suas obras eram boas e as de Caim perversas.
Porém esse não foi o único motivo do rancor de Caim para com Abel. Em parte foi o amor de uma mulher que ocasionou o crime. A fim de assegurar a propagação da raça humana, uma menina (destinada a ser sua esposa) nasceu junto com cada um dos filhos de Adão. A irmã gémea de Abel era de uma beleza fora do comum, e Caim desejou-a – pelo que vivia planeando modos e maneiras para livrar-se do irmão.
“E se eu te matar, quem vai requerer de mim o seu sangue?”
Não demorou e a oportunidade se apresentou. Certo dia uma ovelha que pertencia a Abel pisou uma plantação de Caim. Tomado de fúria, este exclamou:
– Que direito você tem de viver na minha terra e deixar que suas ovelhas se alimentem aqui?
Abel respondeu :
– E que direito você tem de usar os produtos das minhas ovelhas, fazendo para si roupas da lã que elas produzem? Se você despir a lã do meu rebanho, com a qual está vestido, e me pagar pela carne das reses que já comeu, então eu abandonarei a sua terra, como deseja, e viverei voando em pleno ar, se conseguir.
Pelo que Caim disse:
– E se eu te matar, quem vai requerer de mim o seu sangue?
– Deus – respondeu Abel, – que nos trouxe ao mundo, irá me vingar. Ele exigirá o meu sangue da sua mão, se você me matar. Deus é o juiz, e visitará com suas perversidades os perversos, e com suas maldades os maus. Se você me matar, Deus saberá o seu segredo, e dar-lhe-á punição.
Essas palavras deixaram Caim ainda mais furioso, pelo que atirou-se sobre o irmão. Abel era mais forte do que ele e o teria vencido, mas no último momento Caim implorou por misericórdia, e o gentil Abel, que havia imobilizado o irmão, deixou-o ir. Mal o havia libertado, Caim voltou-se novamente contra ele, e o matou. É portanto verdadeiro o ditado: “não faça o bem ao mau, para que o mal não recaia sobre você
”.

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