[google6450332ca0b2b225.html

sexta-feira, janeiro 30, 2009

a L Á G R I M A - sua importância

Na medida em que o tempo corre, envelhece o meu cadáver mas esforço-me a que o espírito se mantenha atento, activo e dinâmico.Este discernimento vai-me dando a medida exacta da mesquinhez, leviandade e frivolidade superficial dos que se pensam e julgam que são exemplares e, o pior, muitas vezes ocupam lugares em que o deveriam ser.
Por isto, o sentido das lágrimas não é, em mim, igual ao que era há dez anos.
Eu choro os Amigos, os poucos e bons Amigos, que vão partindo e deixando a saudade, a ausência do convívio.Choro as misérias involuntárias, situações tristes, mas já não é fácil verem-me uma lágrima. Daí que a Lágrima que ontem vi, me sensibilizasse e tocasse tão profundamente.
Minha sogra está, há mais de um mês, no hospital. Neste mês têm sido mais os dias de coma ou de alheamento profundo do que momentos de lucidez. Operada, porque há sempre uma esperança, o seu estado mantém-se igual.
Ontem, não era um dia diferente. Chegámos, falámos, nada. Depois de as enfermeiras lhe darem o lanche, por uma sonda e de a terem mudado, reentrámos no quarto e encontrámo-la de olhos abertos. Desatámos num falatório atrevido, apertando-lhe as mãos, chamando, dizendo-lhe da nossa presença, das suas melhoras que viriam para regressar a casa e dizendo que lá estávamos todos os dias e que de noite era Deus e Sua Mãe que por ela velavam.Ao pedido da Dina que lhe encostasse as suas medalhinhas que sempre carregou com devoção, levei-as à sua face e disse-lhe que as tinha na cabeceira, sempre a protegendo.
Então, uma lágrima caiu-lhe grossa, distinta, perdendo-se nos cabelos grisalhos.
Ficámos chocados. Aquela lágrima sentida, mil vezes sentida, tirou-me o sono da noite e embalou-me a Esperança.
Que um dia, como sempre pediu, possa minha sogra partir, na sua casa e na sua cama, rodeada pelos filhos.
Que o peso desta Lágrima tenha a força da Fé desta grande Mulher, e seja atendida.

1 comentário:

  1. Lágrima de Fé e de Acreditar que resiste neste corpo tão fragil agora ,prestes a voar na imensidão do abismo e do tempo sem fim.
    " Algures no sítio da Ribeira um jovem apróximou-se... e atirou-lhe uma peqenina pedra...e porque não seguiu em frente! Poderia distrair-se, mas não; fê-la acreditar, que os seus braços se encheriam de filhos e no calor do seu coração havia lágrimas e pão!... e riu-se connosco na véspera de Natal...
    Beijos Mãe

    ResponderEliminar